sexta-feira, 11 de março de 2011

SANTUÁRIO

Lua Nova, 7 de Outubro de 2010

Acordo e preparo o pequeno-almoço silenciosamente. Visto uma camisola com capuz, uns jeans, umas Converse antigas e estou preparada. Acabo de pôr umas coisas no saco. Fecho o zipper do casaco e pego nas chaves.
Há pouca luz a entrar no quarto e ainda ninguém (para além de mim) está acordado... Nem em casa, nem no prédio, provavelmente.
Vou até à cozinha e escrevo uma nota a avisar que saí de casa, para quando os meus pais acordarem não ficarem preocupados.
Destranco a porta fazendo o mínimo barulho possível, saio e volto a trancar pelo lado de fora.
Quando saio do prédio reparo que não há movimentação nenhuma, exceptuando alguns camiões que passam numa ponte afastada daqui. Bem, o sol já nasceu por isso não mete medo nenhum andar por aqui sozinha (de noite também não, mas é preciso ter um pouco de cuidado se nos cruzarmos com algum javali que apareça na estrada).
Ponho-me a caminho, sem pressas... Levantei-me um pouco cedo, por isso posso dar-me ao luxo de passear e aproveitar a vista. É incrível como faço este percurso todos os dias, mas nunca tenho oportunidade de ver a beleza e o silêncio em que se encontra a estas horas.
Ando do lado junto ao bosque e apanho algumas flores (adoro fazer isto e deixá-las nas fechaduras das portas de outras pessoas ou então numa mesa ou cadeira, mas acabam sempre por ser deitadas fora e não percebo bem porquê; se fosse eu guardava-as). Quando passo junto ao estádio vejo uma data de coelhos que entram num frenesim para se esconderem, mal me vêem e eu como não quero estragar o pequeno-almoço deles não fico ali muito tempo e continuo a andar.
Adorava ter uma câmara fotográfica comigo, nesta altura, para poder fotografar a paisagem ao meu lado: a luz do sol que passa por entre as brechas formadas pelos eucaliptos e pinheiros, a evaporar o orvalho da manhã formando um nevoeiro muito subtil... A única palavra com que poderia descrever a beleza do cenário seria "mágica". Quem me dera poder guardar esta imagem... Mas se trouxesse a câmara fotográfica, depois não tinha sítio para a guardar! Tenho de arranjar um dia para vir para aqui e ver se volto a conseguir uma imagem destas.
Como já estou perto da minha paragem faço uma mini-corrida como aquecimento e chego num instante ao local pretendido. Fico feliz por ver poucos carros estacionados e entro. A diferença de temperatura é mais do que razoável, mas isso só me faz gostar mais deste sítio.
Entro nos balneários e preparo-me. Procuro um cacifo vazio, do qual não me esqueça do número e meto a mochila lá dentro. Fecho tudo, pego nos óculos e na toalha e passo para a enorme divisão adjacente.
Ahhh... O maravilhoso cheiro do cloro! Não me importava de passar os dias inteiros na piscina... No entanto, só lá posso estar uma hora. Vou para as bancadas, à espera que terminem os 5 minutos restantes aos turnos dos outros nadadores e vou escolhendo uma pista que esteja com menos gente (não sou muito fã de estar a nadar com pessoas desconhecidas). Esta humidade quente, o cheiro a cloro e o barulho da água (e alguns apitos de professores de natação) são tão relaxantes, que tornam este sítio o meu santuário. Venho para aqui sozinha e, durante uma hora, sou só eu, os meus pensamentos e uma pista.
Quando vejo uma pista vazia, levanto-me passo pelo chuveiro, ponho os óculos e entro. Finalmente, sinto-me à vontade. Ninguém repara em mim, ninguém me julga, ninguém me conhece e, mais importante, ninguém me chateia.
Começo a nadar e tudo à minha volta deixa de ser importante... Sinto-me tão livre, que nada nem ninguém me conseguiria parar. Se me impedissem de nadar, eu acho que uma grande parte de mim morreria. Toda a minha raiva e frustração é libertada em cada braçada, fazendo-me sentir viva e cada pensamento flui facilmente à medida que avanço na água.
Quando me quero sentir melhor, escolho uma pessoa que esteja a nadar numa outra pista e faço uma corrida com ela até a ultrapassar. E ao fim de uma hora, a única coisa que quero é fazer mais uma volta.
Sempre que saio da piscina sinto uma felicidade enorme inexplicável... Só sei que o resto do dia estou completamente hiperactiva e estupidamente feliz.
É uma pena só ter tempo de visitar este "local sagrado" uma vez por semana.

6 comentários:

A.M. disse...

I don't own Converse, just so you know...

E um mês dos seis em atraso de Luas Novas está aqui... Escolhi escrever sobre um dos meus Top4 de hobbies preferidos, entre esses quatro não consigo dizer o qual gosto mais, mas sei que não posso passar sem nenhum deles... No entanto, é da natação que sinto mais falta há alguns meses e por isso quis escrever o porquê de gostar tanto dela. Pode ser que depois escreva sobre os meus outros três hobbies do Top4 xP

aléqse disse...

Eu começei a ntaçao a semana passado mais o Fábio :D

vmaos sempre ás 4ªs :D

A.M. disse...

Boa! Pode ser que um dia (num futuro ainda não muito próximo) também vá... Se não se importarem, claro xD

Anônimo disse...

natação... que saudades

porcaria de vila real sem piscinas
porcaria de vida sem tempo

oh, btw, i love it, as usual

A.M. disse...

Obrigada, sensei xD
Tenho saudades dos teus posts... Não te esqueças de continuar a tua história do "Moonlight" *.* Não me devias deixar num cliffhanger durante tanto tempo. Eu ao menos só deixo um dia ou dois xP

P.S.: Adoro as mudanças de design :D

Anônimo disse...

i'm a very busy person, my dear

and the muses from the times that were seem to have left me...

falando a sério, depois de anatomia e genética vou ver se continuo... aliás, ele está começado, mas não acabado