sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

SER OU NÃO SER

Lua Nova, 15 de Janeiro de 2010

Não importa o que faço ou como ajo. Por mais que me esforce, nunca valerá a pena.
Sempre tentei agradar-vos, fazer o que querem, fazer com que tenham orgulho em mim. Não é só por mim que trabalho, quando estou até de madrugada a estudar, ou que passo a maioria do meu tempo a estudar... Não! Eu também faço isto por vocês. Para que no final reconheçam que não me criaram para nada... Quero que vejam valor no que faço.
Mas isso é impossível! Porque mesmo sendo a melhor da turma, nunca estou à altura. Nunca sou a melhor para vocês.
Quando parece que consegui... Estou completamente enganada. Há sempre alguém que consegue fazer algo melhor do que eu, ou então, que eu não consigo fazer.
Porque é que nunca me aceitam como sou? Porque é que há sempre alguém que preferiam que eu fosse?
Não vos consigo perceber... Quando estão a falar com outras pessoas e os filhos delas, quase que acredito quando dizem "Temos sorte por a termos" ou "Ela não nos dás esses problemas". Mas mais tarde, já sei que o filho de um dos vossos amigos fez qualquer coisa que eu não faço.
Como podem pedir tanto de mim, quando vocês nunca se esforçaram metade do que me esforço... Nem mesmo se juntassem o esforço dos dois.
E, na minha opinião que é tantas vezes censurada, esse é o vosso... Não, o meu. Esse é o meu problema: ser melhor do que vocês.
Por isso é que sempre deitam as minhas convicções abaixo, destroem os meus sonhos, fazem pouco dos meus gostos e fazem com que tudo pelo qual me esforcei pareça que não valha nada. Mas eu garanto-vos, não há nada que possam fazer que me leve a desistir do que já consegui alcançar até agora. Não vou abrir mão de tudo o que não vos importa, mas que me irá levar para um novo capítulo na minha vida. Aí vou mostrar-vos como sou melhor que vocês e já sabem "contra factos não há argumentos".
No entanto, ainda são meus pais. Por mais que vos queira odiar, não consigo. Só vos posso dizer como lamento que não consigam ter mais amor à vossa filha do que a vós próprios. Desculpem-me por ser o que não queriam que fosse e por não ser o que querem que seja.
Espero que algum dia me consigam desculpar...